É o segmento mais clássico da equitação, e seus princípios básicos os pilares da equitação acadêmica, adotados por todas as demais disciplinas.
Modalidade olímpica do hipismo, o Adestramento, internacionalmente chamado de Dressage, é essencialmente técnica e busca o desenvolvimento do cavalo através de uma educação harmoniosa. A modalidade impõe uma cuidadosa ginástica progressiva e racional, associada a uma preparação mental do cavalo, de maneira que nas competições o animal deve mostrar-se calmo, elástico, descontraído e flexível. Durante toda a apresentação deve passar ao espectador a imagem de um cavalo confiante, atento e impulsionado, demonstrando um perfeito entendimento com o seu cavaleiro.
As provas podem ser realizadas a céu aberto ou indoor, em uma pista de 20m x 60m com piso de areia. Os competidores devem executar, de memória, movimentos definidos pelo Regulamento da modalidade, em uma sequência pré-estabelecida, chamadas de reprise, nas três andaduras naturais (passo, trote e galope).
A alta qualidade da apresentação é constatada pela franqueza e regularidade das andaduras, pela leveza e facilidade dos movimentos. O cavalo precisa dar a impressão de realizar os movimentos por sua própria vontade e responde de forma imediata e, até intuitiva, às solicitações do cavaleiro. O grau de exatidão e correção na execução da prova é avaliado por três ou cinco juízes, distribuídos ao longo do cercado que delimita o picadeiro. Os árbitros julgam os movimentos dos concorrentes, atribuindo graus de 0 a 10, sendo vencedor aquele que obtiver o maior percentual, resultante do somatório de todos os graus atribuídos pelos juízes.
As provas são disputadas nos diversos níveis de dificuldades, com competidores divididos por séries e categorias. Pôneis, Amador Top, Elementar (mini-Mirim, Amador e Profissional), Preliminar (Mirim, AM/Prof), Média I (AM/Prof), Média II (Junior, AM/Prof.), Forte I (Jovem Cavaleiro/AM/Prof.), Forte II (Sênior/Amador), Sênior Top, Especial e Cavalos Novos de 4, 5 e 6 anos.
Em Olimpíadas, das cinco participações, apenas uma vez foi com equipe.



















O Adestramento brasileira estreia nos Jogos com o Cel. Sylvio Marcondes de Rezende montando Othelo.
O Brasil foi representado por Jorge Ferreira da Rocha montando Lanciano.
O Brasil chegou como equipe, mas com o veto da inspeção veterinária a Nilo VO, montaria de Rogério Clementino, os outros dois conjuntos do Brasil competiram no individual: Luiza Tavares de Almeida/Samba ficou em 40ºlugar e Leandro Aparecido Silva/Oceano do Top em 43º lugar. Todos os cavalos eram Lusitanos.
A única representante da América Latina na disputa individual foi Luiza Tavares de Almeida montando o Lusitano Pastor. O conjunto ficou em 47º lugar.
Foi a estreia em equipe que ficou em 10º lugar. O Time Brasil só participou do Grand Prix, prova qualificatória que contou com 60 atletas de 23 países, e não avançou na disputa pelo pódio individual.
No balanço geral individual o melhor resultado foi de João Victor Marcari Oliva/Xamã dos Pinhais, 46º lugar com 68.071%, a melhor nota registrado pelo Brasil em Olimpíadas. Na sequencia classificaram-se: Giovana Pass/Zíngaro de Lyw em 47º (67.700%), Luiza Tavares de Almeida/Vendaval 4 em 49º (66,914%) e Pedro Tavares de Almeida/Xaparro do Vouga em 53º lugar (65.714%). Na reserva, Manuel Tavares de Almeida Neto/Viheste. Todo o time montou cavalos Lusitanos.
O Brasil participou de cinco edições, conquistando cinco medalhas em quatro edições.



















Conquista do primeiro bronze por equipe formada por Ingrid Borghoff Troyko, Diana Osward e o Cel. Gerson Borges.
Na bagagem, o Brasil traz duas medalhas de bronze: no individual com Orlando Facada/Premiado, e por equipe com o time formado por Orlando Facada/Premiado, Ileana (Lica) dos Santos Diniz/Ducat e José Scheleder/Jerez.
Em casa, e com muita torcida, a equipe conquista o terceiro bronze em Jogos Pan-americanos. O Time Brasil foi formado por Rogério Silva Clementino/Nilo VO, Luiza Tavares de Almeida/Samba, e Renata Costa Rabello/Monty. Curiosamente, Rogério Clementino e Luiza Almeida foram integrados a equipe uma semana antes da competição, com a saída de Jorge Ferreira da Rocha, com problemas de saúde e que formava conjunto com Levello e da lesão de Nirvana Interagro, montaria da amazona Pia Aragão. O técnico da equipe foi o sueco Eric Lette e o treinador o belga Johan Zagers.
Em 2011, o desafio foram os Jogos Panamericanos de Guadalajara, no México. Mais uma vez o time foi formado por quatro conjuntos Lusitanos: Luiza Tavares de Almeida montando Pastor, Rogério Silva Clementino com Sargento do Top, Mauro Pereira Junior com Tulum Comando SN e, na reserva, Manuel Tavares de Almeida Neto com Viheste. O time ficou em 5º lugar. Já na disputa individual, Roger/Sargento e Mauro/Tulum se habilitaram ao Freestyle, onde se posicionaram entre os 15 melhores dentre os 50 conjuntos inscritos. Momento histórico para o Adestramento brasileiro que há 28 anos não participava da final individual. Mauro Jr acabou em 9º lugar e Rogério Clementino em 12º lugar.
O Brasil conquista a quarta medalha de bronze por equipe com time formado por João Victor Marcari Oliva/Xamã dos Pinhais, João Paulo dos Santos/Veleiro do Top, Leandro Aparecido da Silva/Di Caprio e Sarah Waddell/Quixote Donelly. O reserva foi Pedro Tavares de Almeida/Baluarte do Mito. A equipe brasileira somou 414.895%. Estados Unidos faturou o ouro (460.506%) e o Canadá a prata (454.938%).
Dos 43 conjuntos do Adestramento, 21, representando 11 países, se habilitaram para a disputa do pódio. O Time Brasil foi representado por três conjuntos que se classificaram entre os top ten: Leandro A. Silva/Dicaprio (73.300%) ficou em 6º lugar; João Victor Marcari Oliva/Xamã dos Pinhais (73.275%) em 7º, e João Paulo dos Santos/Veleiro do Top (72.950%) em 9º lugar. Sarah Waddell/Quixote Donelly não se qualificou para a Final Individual.
Os Estados Unidos ficaram com o ouro (Steffen Peters/Legolas 92 com a nota média final de 80.075%) e a prata (Laura Graves/Verdades com 79.825%), e o bronze foi para o canadense Christopher Von Martels/Zilverstar (79.500%).
Em Jogos Equestres Mundiais o Brasil participou de três edições.














A estreia do Brasil em terras espanholas foi com Micheline Schulze montando Frapé.
Pela primeira vez o Brasil estreou como equipe. Na “capital americana” do cavalo, o time ficou em 14º lugar e foi formado apenas com cavalos Lusitanos: Luiza Tavares de Almeida/Samba (63,574%), Rogério Silva Clementino/Portugal (61,872%) e Marcelo Alexandre da Silva/Signo dos Pinhais (63,234%).
A equipe brasileira ficou em 15º lugar. O destaque ficou por conta da participação de três irmãos Tavares de Almeida no time: Luiza montou Pastor e os gêmeos Manuel e Pedro montaram respectivamente Viheste e Samba. Completou o time Victor Marcari Oliva/Signo dos Pinhais. Todos cavalos Lusitanos. Manu Neto/Viheste ficou em 87º lugar e Pedro/Samba em 91º lugar. Luiza Almeida não terminou a apresentação devido a uma lesão em seu cavalo, levando a desclassificação do conjunto.





O Brasil foi o destaque da competição com a conquista de sete das nove medalhas possíveis, sagrando-se campeão por equipe e individual. No palco da disputa, a Escola de Equitação Graneros de Quillota, no distrito de Quillota, o time verde amarelo faturou três ouros, duas pratas e dois bronzes.
A equipe ouro, com nota média final de 68,729%, foi formada por Leandro Silva/Dicaprio, João Paulo dos Santos/Veleiro do Top, João Victor Marcari Oliva/Xamã dos Pinhais e Pia Aragão/Zepelim Interagro.
Na prova Intermediária I, o Brasil amealhou as três medalhas: ouro para Leandro Silva/Dicaprio (70%132); prata para João Victor Marcari Oliva/Xamã dos Pinhais (67,632%), e bronze para João Paulo dos Santos/Veleiro do Top (67,533%).
No Freestyle, que definiu o título individual, novamente domínio do pódio: ouro para João Victor Marcari Oliva/Xamã dos Pinhais (70,781%), prata para João Paulo dos Santos/Veleiro Top (68,938%), e bronze para Leandro Silva/Dicaprio (68,281%). Pia Aragão/Zepelim Interagro (65,750%) fechou em 6º lugar.
João Victor Marcari Oliva foi eleito o melhor cavaleiro de Adestramento dos Jogos.



O Adestramento surgiu na antiguidade, dos mongóis aos árabes, passando pelos egípcios e persas. Com a queda do império grego, houve um grande declínio na arte de montar. Desse período, restou apenas o tratado escrito pelo General Xenofontes (430-354 a.C), considerado a obra literária mais antiga sobre a equitação. Esse tratado teve uma imensa relevância na evolução histórica do Adestramento.
No século XVI, a arte equestre beneficiou-se com a criação de famosas academias como as de Nápole e Ferrari e renomados mestres. Foi um marco na história da equitação, inaugurando-se, assim, uma nova era. A obra de Xenofontes foi fundamental na preservação dos princípios e da cultura equestre, servindo de base para a renovação gerada pela Renascença.
Os séculos XVIII e XIX foram pródigos para a disciplina que fundamentou princípios, conceitos e doutrinas e viu florescer as grandes escolas que proliferaram por toda a Europa, construindo os alicerces para a edificação da equitação atual. Escolas como as francesas Versalhes e Saumur e a Espanhola de Viena, na Áustria, entre tantas, propagavam os seus conhecimentos e estudos da Arte Equestre.
Com a criação da Federação Equestre Internacional (FEI) em 1921, o Adestramento foi oficializado, e a entidade passou a ser responsável pela preservação da Arte Equestre, mantendo a pureza de seus princípios para transmiti-los intactos às futuras gerações.
Apesar de o Adestramento ter estreado em Olimpíadas nos Jogos de Estocolmo de 1912, foi apenas em 1936, nos Jogos de Berlim, que a modalidade competiu com parâmetros de julgamento estabelecidos pela FEI. Além das Olimpíadas, o Adestramento integra, ainda, os Jogos Equestres Mundiais desde a primeira edição em 1990, na Suécia; os Jogos Pan-americanos e campeonatos continentais. A FEI promove, ainda, anualmente, a Final da Copa do Mundo da modalidade.
No Brasil, o Adestramento chegou com a Missão Militar Francesa, em 1922, e tinha por objetivo estabelecer regras uniformes para a prática das atividades a cavalo. Oficiais experientes, impregnados da tradição da Cavalaria Francesa, transmitiram-nos um legado de conhecimentos, fundamentados em experiências acumuladas ao longo desde mais de dois milênios.
Em 1924, formou-se a primeira turma de Instrutores do Núcleo de Adestramento de Equitação, atual Escola de Equitação do Exército, no Rio de Janeiro. A partir de então, o esporte equestre recebeu em toda a sua plenitude, um grande estímulo e, em especial, o Adestramento, matéria base para as demais modalidades.
A partir de 1941, com a fundação da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), no Rio de Janeiro, o Adestramento conquistou cavaleiros e amazonas civis e se expandiu para outras regiões do País, notadamente São Paulo, onde, hoje, se concentra o maior número de praticantes. O primeiro Campeonato Brasileiro foi realizado em 1955 no Rio de Janeiro
Nas décadas de 1970 e 1980, a modalidade conquistou importantes resultados que começaram a colocar o País na ótica mundial do esporte. A partir dos anos 1990 os países do Cone Sul aceleraram o processo de integração, se unindo na promoção de provas, nascendo os Concursos de Dressage Internacional (CDI) e os campeonatos sul-americanos, que contam com o apoio das confederações de cada país e da Federação Equestre Internacional (FEI).
A década e 1990 foi marcada pelas parcerias promovidas pela CBH com federações estaduais e associações de raça com o objetivo de fomentar, organizar e promover o esporte, ampliando-se as competições a nível nacional e internacional como os CDI3* – Concurso de Adestramento Internacional.
A partir da década 2000, o investimento na seleção de cavalos para o Adestramento e no aprimoramento dos atletas resultou em aumento do número de praticantes, de competições de nível nacional e internacional, clínicas com treinadores consagrados, intercâmbio e formação de conjuntos e equipes que vêm representando o Brasil nos mais importantes eventos hípicos mundiais.
O Adestramento é a modalidade com menor participação do Brasil em disputas internacionais: 5 Olimpíadas, 5 Pan-americanos, 3 Jogos Equestres Mundiais e duas vezes na Final da Taça do Mundo de Dressage.
Promovida anualmente pela Federação Equestre Internacional (FEI), a Final da Taça do Mundo de Dressage reúne os 16 melhores atletas do mundo, além de outros dois conjuntos que conquistam vaga na categoria “partida extra”. Em duas edições da Final, o Brasil conquistou vaga nesta categoria: em 2010, na Holanda, Luiza Tavares de Almeida montando Samba ficou em 15º lugar; e em 2017, em Omaha, Nebraska, nos Estados Unidos, João Victor Marcari Oliva montando Xamã dos Pinhais registrou o melhor resultado do Brasil na competição: 14º lugar na geral, após obter a nota 68,214% no Grand Prix e 70,321% no Grand Prix Freestyle.


